William Langewiesche
Companhia das Letras2007
Livro-reportagem do jornalista americano William Langewiesche alerta para a proliferação de armas atômicas entre países instáveis
Por Jerônimo Teixeira
Revista Veja - 25/07/2007
O fim da Guerra Fria, no início dos anos 90, parecia ter encerrado a ameaça do apocalipse nuclear. Mas então os doidos da Al Qaeda derrubaram o World Trade Center, em 2001, e o desmantelamento da União Soviética se transformou em fator adicional de pânico. E se os terroristas colocarem as mãos no material nuclear das antigas repúblicas soviéticas?
O Bazar Atômico (tradução de José Viegas; Companhia das Letras; 192 páginas; 36 reais), do jornalista americano William Langewiesche, editor internacional da revista Vanity Fair, é, em grande medida, uma leitura tranqüilizadora: as possibilidades de um terrorista obter uma bomba atômica são remotas.
De outro lado, porém, ele alimenta a inquietação ao demonstrar que há no mundo, hoje, uma tendência talvez irrefreável para a expansão da tecnologia atômica- uma realidade patente nas recentes crises diplomáticas em torno dos programas nucleares do Irã e da Coréia do Norte. "A proliferação nuclear é, a longo prazo, inevitável", disse Langewiesche a VEJA.
As primeiras páginas de O Bazar Atômico centram-se nos efeitos da bomba que destruiu a cidade de Hiroshima, em 1945, e levou a que o Japão se colocasse de joelhos diante dos Estados Unidos. No imediato pós-guerra, os americanos acreditavam que seriam os guardiões únicos dessas forças destrutivas- mas a União Soviética, pela via da espionagem, também chegou lá.
O Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, de 1968, tentou manter a bomba como privilégio de um clubinho de cinco países- Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra, China e França. Hoje, porém, não há perspectiva mais assustadora que a de que um grupo de fanáticos como a Al Qaeda bote as mãos em um artefato atômico. É muito improvável que isso tenha acontecido - de outra forma, os grupos terroristas, que não têm nada a perder, já teriam explodido alguma grande metrópole ocidental.
As antigas repúblicas soviéticas são costumeiramente apontadas como as potenciais fornecedoras de material nuclear para o terrorismo, em razão de seu desmantelamento institucional. Os Estados Unidos vêm tomando precauções eficazes contra tal ameaça, oferecendo ajuda na "desnuclearização" desses países. A própria Rússia ainda é uma potência nuclear, mas seu arsenal é mais seguro do que se imagina. "O alarmismo é uma indústria. Muita gente tem nele o ganha-pão, seja no cinema e nos tablóides, seja na universidade", afirma Langewiesche.
Por Jerônimo Teixeira
Revista Veja - 25/07/2007
O fim da Guerra Fria, no início dos anos 90, parecia ter encerrado a ameaça do apocalipse nuclear. Mas então os doidos da Al Qaeda derrubaram o World Trade Center, em 2001, e o desmantelamento da União Soviética se transformou em fator adicional de pânico. E se os terroristas colocarem as mãos no material nuclear das antigas repúblicas soviéticas?
O Bazar Atômico (tradução de José Viegas; Companhia das Letras; 192 páginas; 36 reais), do jornalista americano William Langewiesche, editor internacional da revista Vanity Fair, é, em grande medida, uma leitura tranqüilizadora: as possibilidades de um terrorista obter uma bomba atômica são remotas.
De outro lado, porém, ele alimenta a inquietação ao demonstrar que há no mundo, hoje, uma tendência talvez irrefreável para a expansão da tecnologia atômica- uma realidade patente nas recentes crises diplomáticas em torno dos programas nucleares do Irã e da Coréia do Norte. "A proliferação nuclear é, a longo prazo, inevitável", disse Langewiesche a VEJA.
As primeiras páginas de O Bazar Atômico centram-se nos efeitos da bomba que destruiu a cidade de Hiroshima, em 1945, e levou a que o Japão se colocasse de joelhos diante dos Estados Unidos. No imediato pós-guerra, os americanos acreditavam que seriam os guardiões únicos dessas forças destrutivas- mas a União Soviética, pela via da espionagem, também chegou lá.
O Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, de 1968, tentou manter a bomba como privilégio de um clubinho de cinco países- Estados Unidos, União Soviética, Inglaterra, China e França. Hoje, porém, não há perspectiva mais assustadora que a de que um grupo de fanáticos como a Al Qaeda bote as mãos em um artefato atômico. É muito improvável que isso tenha acontecido - de outra forma, os grupos terroristas, que não têm nada a perder, já teriam explodido alguma grande metrópole ocidental.
As antigas repúblicas soviéticas são costumeiramente apontadas como as potenciais fornecedoras de material nuclear para o terrorismo, em razão de seu desmantelamento institucional. Os Estados Unidos vêm tomando precauções eficazes contra tal ameaça, oferecendo ajuda na "desnuclearização" desses países. A própria Rússia ainda é uma potência nuclear, mas seu arsenal é mais seguro do que se imagina. "O alarmismo é uma indústria. Muita gente tem nele o ganha-pão, seja no cinema e nos tablóides, seja na universidade", afirma Langewiesche.
Nenhum comentário:
Postar um comentário