segunda-feira, 28 de maio de 2007

DR. LUCIANO SIDNEY MARQUES: "A LEITURA DESEMPENHA UM PAPEL ESSENCIAL E DECISIVO PARA O SALTO CIVILIZATÓRIO QUE UM ESTADO DESEJA EMPREENDER"



"TODOS OS POVOS CIVILIZADOS SE CARACTERIZAM POR POSSUIREM UMA MASSA CRÍTICA DE LEITORES ATIVOS..."
(DISCURSO DE ABERTURA DOS EVENTOS, PROFERIDO PELO PRESIDENTE EXECUTIVO DR. LUCIANO SIDNEY MARQUES)

Hoje é um importante dia para o nosso município, por sediar três eventos culturais da maior relevância: a I JORNADA LITERÁRIA DO SERTÃO CENTRAL, A V SOBRAMÍADA E A I FEIRA DO LIVRO DE QUIXERAMOBIM.
Esses acontecimentos literários têm como objetivo principal difundir a produção literária e estimular a leitura do livro em todo o Sertão Central.
Todos nós sabemos da importância da leitura no desenvolvimento social, econômico e político de uma nação. Constitui elemento fundamental para a construção de sociedades democráticas e instrumento decisivo para que as pessoas possam desenvolver de maneira plena seu potencial humano.
Considerado um problema horizontal dentro do sistema de cultura de um país, a leitura desempenha um papel essencial e decisivo para o salto civilizatório que um estado deseja empreender. Podemos inclusive afirmar que não há nação desenvolvida que não seja uma nação de leitores.
Todos os povos civilizados se caracterizam por possuírem uma massa crítica de leitores ativos, constituída por gente que desde a infância adquiriu o hábito da leitura e que todos os dias manipula, com facilidade, uma grande quantidade de informações escritas em suas atividades diárias. E, por trás dessa diversidade de tipos e meios de leituras encontra-se o mais poderoso instrumento do saber jamais inventado pelo homem: o livro.
Darcy ribeiro, com muita propriedade afirmou que o livro é a maior invenção da história e a base de todas as conquistas da civilização.
Como está a situação do livro em nosso país?
Apesar de o Brasil ser o 8° maior editor de livros do mundo, com uma produção de 320 milhões de exemplares por ano, a média de livros lidos por habitante é de apenas 1,8, enquanto nos Estados Unidos da América esta média atinge 11 livros per capita ano. A situação é mais grave do que parece, se levarmos em consideração que apenas 0,7 são livros não-didáticos. Significando assim, que o livro didático que é distribuído gratuitamente pelo Governo Federal, constitui a imensa maioria dos livros lidos no país. Ou seja, na prática o único livro que o povo brasileiro conhece é o escolar.
Já dizia monteiro lobato há mais de 70 anos “um país se faz com homens e livros”. Contrastando com a assertiva do grande escritor, a maioria dos brasileiros não cultiva o hábito da leitura e freqüenta raramente a biblioteca.
No Brasil a categoria dos “sem-livro” é maior que a dos sem-teto ou sem-terra. Nada menos que 75% dos brasileiros não dominam o exercício da leitura, um número que inclui os analfabetos absolutos – pessoas sem habilidade de leitura e escrita – e os 68% de analfabetos funcionais que têm dificuldades para compreender e interpretar textos. Além disso, 61% dos brasileiros adultos alfabetizados têm muito pouco ou nenhum contato com os livros. Entre os 17 milhões de pessoas que não gostam de ler livros, 11,5 milhões de pessoas, pasmem os senhores, possuem até 8 anos de instrução.
Estudos globais encomendados pela UNESCO identificaram como fatores críticos para o estabelecimento do hábito da leitura de um povo ou de uma pessoa os seguintes: ter nascido em uma família de leitores; ter passado a juventude num sistema escolar preocupado com o estabelecimento do hábito da leitura; baixo preço do livro; acesso ao livro e o valor simbólico que a população atribui ao livro.
No Brasil, esses fatores, via de regra, funcionam de modo perverso, pois: nascer numa família de leitores é um acidente biográfico bastante raro; a questão do estímulo à leitura na escola é o fator crítico mais importante e mais descuidado na criação de um público para o livro brasileiro; o livro é caro em nosso país e a distribuição, com exceção do livro didático que é promovida pelo governo federal mostra-se precária ao longo do território nacional, que possui apenas 1500 livrarias, a maioria em dificuldades; a população em geral ainda não atribui o verdadeiro valor que o livro merece.
Diante de tantos óbices concluímos que muita coisa precisa ser feita para modificar o panorama atual. Para isso é necessário haver um envolvimento dos governos federal, estadual e municipal, da iniciativa privada e da sociedade civil visando ampliar o hábito da leitura e a expansão da indústria editorial.
Entre os diversos programas de ação propostos destacamos quatro pelo largo alcance: desenvolvimento de bibliotecas públicas, escolares, familiares, volantes e malas de livro. Criação de novas bibliotecas proporcionando assim o acesso ao livro nos cerca de 1300 municípios brasileiros que ainda não possuem sequer uma biblioteca pública; melhoria de centenas de bibliotecas do país que hoje sobrevivem de forma indigente, às custas de doações, cumprindo mal sua função de garantir ao povo o acesso gratuito ao livro; instituição de programas regulares de treinamento ou de animação cultural, transformando bibliotecas hoje convertidas em depósitos passivos de livros, em bibliotecas atuantes e, aquisição pelos acervos públicos de um percentual razoável e justo da produção editorial brasileira, que hoje não ultrapassa 1%.
Por último, quero afirmar que ao idealizar essa I Jornada Literária do Sertão Central, V SOBRAMIDA e I Feira do Livro de Quixeramobim, em parceria com os amigos da SOBRAMES Regional do Ceará, tive como única intenção incentivar a leitura.
Aproveito a oportunidade para agradecer a todos as pessoas, estabelecimentos comerciais e instituições que contribuíram de forma decisiva para a realização deste evento.
Muito obrigado!

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