Pinhão-manso, opção para o biodiesel
Data: 20/4/2007
* Sebastião Almeida
Data: 20/4/2007
* Sebastião Almeida
O biodiesel, apesar de uma série de desafios a superar, firma-se como uma opção ao óleo diesel extraído do petróleo. Infelizmente, a vantagem que o Brasil adquiriu na produção do álcool a partir da cana-de-açúcar não se repetiu com outras fontes de energia. O país ainda depende de uma tecnologia mais avançada de produção e de mecanismos de estocagem e distribuição que tornem mais rentável a atividade com o biodiesel. E, talvez, de um envolvimento maior da indústria automobilística nesse processo. Em 2005 o governo federal lançou um programa de incentivo ao plantio de oleaginosas para a fabricação do biodiesel. A mamona apareceu como primeira opção, mas a escassez de investimentos privados em fábricas, o excesso de oferta e o preço da saca da matéria-prima trouxeram insegurança a alguns produtores. Diante desse quadro, vale olhar para outras alternativas para a ampliação da produção do biodiesel no país. Uma experiência interessante nesse sentido vem sendo conduzida no Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do Estado de São Paulo. O protagonista desta história é nada menos que o pinhão-manso. Você já ouviu falar dele? O pinhão-manso é uma das mais promissoras oleaginosas do Brasil devido à facilidade de adaptação da planta, cultivável em 90% do território nacional. Isso porque apresenta boa produtividade em terras pouco férteis, em diferentes condições de solo (arenoso, calcário, salino, pedregoso) e em climas áridos ou úmidos – para se ter uma idéia, a planta tem no currículo resistência às fortes secas da Índia. Como mecanismo de defesa, expele uma secreção leitosa que “queima”, dificultando o ataque de pragas e insetos. E, mais importante: seu cultivo é feito sem a utilização de máquinas, o que acaba se tornando uma ótima opção para estimular a agricultura familiar. Segundo estimativas, a produção de 2.000 a 3.500 litros de óleo por hectare pode garantir uma renda média anual entre R$ 3.000,00 a R$ 4.500,00. Além disso, o pinhão-manso também pode ser cultivado em altitudes entre o nível de mar aos 1.000 metros. É uma planta perene, que produz por mais de 50 anos e sua colheita se estende por cerca de seis meses. Pode parecer exagerado, mas uma planta com essas características pode dar outra dimensão aos que lutam por maior inclusão social. Só para se ter uma idéia, um ônibus urbano pode consumir 40 mil litros de biocombustível por ano, quantia de óleo suficiente para empregar até 190 famílias. Sem falar que a ausência de máquinas na colheita é aspecto positivo na luta contra o aquecimento global. Outra curiosidade em torno do pinhão-manso é que ele pode ser cultivado junto com outros vegetais. A partir de seu processamento é obtido um subproduto, um biofertilizante rico em nitrogênio, potássio, fósforo e matéria orgânica, capaz de combater as doenças do solo – os nematóides. Desintoxicada, essa torta de pinhão-manso pode ser transformada em ração, como já ocorre com a mamona. Mais: a casca do pinhão pode ser usada como carvão vegetal e matéria-prima na fabricação de papel. Seu óleo também pode ser usado como repelente de insetos em pomares e para a fabricação de tintas e vernizes. As folhas podem servir para a elaboração de diversos medicamentos (o chá, por exemplo, combate a malária) e para alimentar a lagarta do bicho-da-seda. Os benefícios e as vantagens do pinhão-manso como uma nova alternativa aos produtores de biocombustível estão aí. E não se pode desprezar também a força que a planta pode exercer sobre os produtores familiares, gerando um impacto inverso ao da ocupação promovida pela cana-de-açúcar controlada pelos grandes grupos empresariais. O Brasil ainda não alcançou os níveis europeus na produção de biodiesel, mas tem espaço de sobra para reverter esse quadro e também se transformar em uma referência no setor, repetindo o que já fez com o etanol. *
Sebastião Almeida é deputado estadual pelo PT, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água e membro da comissão de meio ambiente da Assembléia Legislativa de São Paulo. E-mail: gotadagua@sebastiaoalmeidapt.com.br Mais informações: Assessoria de Imprensa Ex-Libris Comunicação Integrada Fabio Bittencourt -Tels. (11) 32666088/r.202 – cel. 97247740
NOTÍCIA TRANSCRITA DO SITE: http://www.jornaldomeioambiente.com.br/JMA-index_noticias.asp?id=12655
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